O LIXO COMO FONTE DE SOBREVIVÊNCIA

Minha primeira reportagem jornalística tratará sobre a vida de milhões de brasileiros que vivem em uma condição de vida informal, sem salário fixo, em condições precárias, horários intermináveis, sem direitos de férias ou qualquer outra gratificação que é de direito do trabalhador, à chuva e sol para levar o mantimento até suas casas. Conforme dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT), existem mais de 300 milhões de trabalhadores informais no mundo, sendo que mais de 30 milhões são brasileiros.

Há uma serie de profissões que são consideradas como trabalho informal, dentre tantas uma das mais importantes para a sociedade e para o meio ambiente são os catadores de material reciclável. São pessoas que tem uma grande importância para o nosso cotidiano e que muitas vezes nem nos damos conta disso. O catador de lixo, muitas vezes, é encarado pela sociedade como aquele pária, sujo e de quem se quer distância, a sociedade simplesmente faz questão de ignorar. São eles que recolhem os rejeitos diretamente das ruas ou dos usuários visando à comercialização desses rejeitos e mesmo em termos de economia para a nação, não é necessário nenhum esforço para afirmar que os catadores são, para a sociedade, seres de grande valor socioeconômico e sustentável.

O Brasil está entre os países que mais reciclam materiais. São reciclados 38% do papel e 60% do papelão produzidos, dentre eles estão: jornais, revistas, folhas usadas de rascunho, cartões, envelopes, papel impresso, papelão e aqueles que não podem ser mais aproveitados, como: papel sujo com comida papéis plastificado ou metalizado caixa de leite ou refresco, etiquetas adesivas, papel carbono, papel de bala. Estima-se que em cada 1000 barasileiros1é catador de lixo e vivem dacomercialização do próprio.

A atividade de coleta de papel, papelão plástico e outros materiais recicláveis, geralmente envolvem toda a família, em muitos casos, se encontra crianças e adolescentes nas  ruas e em locais de armazenamento dos resíduos, para a ajuda do sustento da familia. Esses personagens já fazem parte da paisagem urbana, na sua dura rotina, eles arrastam seus pesados carrinhos por calçadas irregulares, dividem o espaço do asfalto com os carros. Produzir papel reciclado é uma nova forma de grande importância para o meio ambiente, reduz em grande escala o desperdício de matéria- prima e poluição.

Com o surgimento dessa nova profissão de catador de lixo, várias pessoas conseguiram adquirir o sustento de suas famílias com material depositado nas ruas, porém, o número de pessoas que ganham a vida como catador cresceu desordenadamente no Brasil, devido a não exigência de qualquer grau de escolaridade. Grande parte dos coletadores trabalha por conta própria, preparam o material em suas residencias para ser vendido suprindo assim suas necessidades financeiras e aumentando a renda familiar.

Nas cidades da fronteira Barracão/PR, Bom Jesus do Sul e Dionisío Cerqueira/SC que integram o Consórcio Intermunicipal da Fronteira (CIF), a reciclagem do lixo funciona por conta própria os catadores coletam os materiais para serem reaproveitadados de estabelecimentos publicos, comerciais, das ruas e casas, as pessoas deixam o material armazenado e o catador já tem um dia certo para passar em cada local para a coleta. Após a coleta o material passa pelo processo de separação, geralmente em suas residencias, logo depois é destinado para a venda.

Segundo Valmor Soares de 47 anos residente no Bairro Aerioporto, município de Dionisio Cerqueira, ele faz coletas nas cidades de Barracão e Bernardo de Irigoyen na Argentina. Encontrou na coleta de lixo reciclável um meio de sobrevivência, devido à falta de opções de empregos na época, esta no ramo há 35 anos. Soares tem vários problemas de saúde, perdeu a visão do olho direito em uma plantação de soja no interior do municipio aos 13 anos de idade o que dificulta bastante o seu trabalho. Quando ele não esta nas ruas, esta nos fundos de sua casa onde reside só, ali ele separa e prepara o material para obter uma renda mensal de aproximadamente R$ 500. Soares um pouco zangado relata, “ muitas pessoas me esnobam, me tratam  mau, tem preconceito com meu trabalho, mas é um trabalho suado e digno que graças a ele eu tenho o alimeto em minha mesa. Ele trabalha individualmente, entrega seu material para um comerciante da cidade de São José do Cedro. Os estabelecimentos comerciais e donas de casa colaboram muito para o desempenho do seu trabalho, quando ele passa pelas ruas as pessoas o chamam e ficam a sua espera para ele recolher o material. Como o funcionário da empresa João de Barro Materiais de Construção, Pablo Henrique de 19 anos estoca todos os materiais como: caixas de papelão plásticos e outros produtos para destinar a reciclagem e ajudar Soares que passa toda a quarta-feira para coletar.

Nos municípios da fronteira estão sendo estudadas muitas formas de redução, reutilização e reciclagem de lixo. Em entrevista com Andressa Zanin, que é responsável pelo plano de gerenciamento de residuos, afirma que “o município ainda não tem um reservatório de tratamento e reciclagem do lixo, mas estamos com um projeto em conjunto com os municipios citados anteriormente em andamento para melhorar as condições de trabalho dos catadores e assim proporcionar um salario certo para todo mês. Funcionara como uma associação de catadores onde todos rabalharam em conjunto cada grupo será responsável pela coleta de um determinado bairro e depois o material será levado a um galpão onde outra equipe separará o próprio. No projeto consta a construção de uma estrutura montada em um local especifico para tratar desde a coleta até o destino final, e aquisição de três novos caminhões para agilizar a coleta, ambos já foram licitados e homologados pelos órgãos competentes, só estamos aguardando a liberação da verba pelo governo federal para iniciar as obras e com certeza este projeto estara pronto o mais breve possivel para ajudar as dezenas de catadores que tanto colaboram para o nosso meio ambiente e para a bela paisagem de nossa cidade”.

Segundo Andressa, o prefeito municípal de Barracão/PR Joarez Lima Henrichs, baixou um decreto de obrigatoriedade de reciclagem de papel e outros residuos em todos os locais públicos como o comércio, departamentos da prefeitura, escolas entre outros. Os locais deixam o material separado devidamente e toda quarta – feira a prefeitura municípal disponibliza um caminhão para a coleta. – E as pessoas colaboram com esse trabalho? “sim as pessoas se empenharam mesmo nesta luta de grande importancia para nosso ecossistema, para a paísagem da nossa cidade e ajudando também aqueles catadores individuais que retiram do lixo a sua sobrevivencia”.

Nos últimos anos a produção de lixo vem crescendo de uma forma acelerada, a produção de lixo no mundo por ano é de aproximadamente 400 milhões de toneladas. Ambientalistas e estudiosos da aréa buscam formas de diminuição e prevenção da exploração dos recursos naturais. A reciclagem do lixo, principalmente a do papel, é vista como uma importante atitude. Com a produção de papel reciclado evita-se a o grande consumo de materia-prima, diminuição da poluição do solo, da água do ar, gera empregos, contribui para vivermos em um amiente um pouco mais agradavél e entre outros beneficios. O que fazer e onde depositar tanto lixo? É um dos maiores de seus desafios.

Grande parte dos materiais que vão ao lixo poderia ser reciclada, mas poucos têm essa consciência de que reciclar é a melhor forma de amenizar o problema, porem é necessário que aja um engajamento da população a sociedade deve entrar nesta luta conscientizar - se e perceber que o lixo é uma fonte de riqueza e que pra ser reciclado deve ser devidamente separado, orgânico do inorgânico é uma simples ação,  mas de grande valor. Os catadores e meio ambiente agradecem.